Se a adolescência já é um período importante de desenvolvimento emocional e da constituição da identidade de qualquer pessoa, imagine quando essas mudanças físicas e psicológicas acontecem simultaneamente a uma gravidez. E, tudo isso em uma menina que ainda não tem recursos emocionais ancorados em uma personalidade totalmente formada.
Não é à toa que características fisiológicas e psicológicas da adolescência fazem com que uma gestação nesse período se caracterize como uma gestação de alto risco. A mistura de emoções, influências físicas e emocionais transformam esse momento da mãe adolescente em um momento de muita vulnerabilidade. E é necessário compreender os fatores determinantes do processo saúde-doença a que esta mulher é submetida. Ou seja, a saúde mental da mulher grávida durante a adolescência é extremamente suscetível ao processo de adoecimento, o que exige maior atenção.
É necessário olhar e cuidar da saúde mental dessa mulher. E, de que forma a gravidez repercute na saúde mental dessas adolescentes?
Entre as causas mais comuns de adoecimento emocional nesses casos estão: o abandono dos estudos, a falta de apoio e de acompanhamento da gestação (pré-natal), abortos inseguros e os maiores riscos de problemas com o recém-nascido.
Com isso, a gravidez na adolescência aumenta a possibilidade de sintomas depressivos e ansiosos em até duas vezes mais do que em adultas grávidas.
Por isso, a semana do dia 01 a 08/02 foi instituída como a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência e é um espaço para relembrar a comunidade, em geral, da importância de dar atenção a esse assunto. É preciso disseminar informações sobre as medidas preventivas e educativas que contribuem para a redução da incidência da gravidez na adolescência.
A falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, o uso inadequado de contraceptivos, a desinformação sobre sexualidade, direitos sexuais e reprodutivos são fatores que precisam ser observados e discutidos.
Já de forma particular, na vida da adolescente, é necessário que haja espaço para que ela viva as modificações psicológicas e descobertas próprias da fase, mas de forma a aliar com as questões físicas e emocionais de uma mulher gestante. Sem dúvida, será uma adolescência incomum, que exige um olhar de maior cuidado e atenção. Mas se olhada pela perspectiva do cuidado da saúde mental dessa mulher, encarando as novas responsabilidades e limitações, é possível que essa adolescente se depare com mais apoio e cuidado nessa fase.
Assim, nós da saúde, precisamos garantir o desenvolvimento integral dessa adolescente e entender que é uma responsabilidade coletiva unir família, escola e sociedade para articular-se com órgãos e instituições para formular políticas públicas de atenção integral à saúde em todos os níveis de complexidade que esses casos exigem. Além de que se faz necessário fomentar ainda mais a educação sexual integrada e compreensiva na vida dos adolescentes.
Cuidar dessas gestantes é um ato importante e necessário para prevenir adoecimentos mentais e para que elas tenham maior apoio nessa fase tão cheia de mudanças psicológicas.
Cuidar de quem irá cuidar é pensar não só no futuro dessa adolescente, mas também no da criança que está para chegar.